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Inseminação artificial e fertilização in vitro: diferenças

Publicado em 19/11/2024

Por Dr. Murilo Oliveira

Inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) são duas técnicas de reprodução humana assistida, ambas podem fazer a diferença na vida de pessoas que enfrentam dificuldades para engravidar naturalmente.

Os tratamentos realizados na área da medicina reprodutiva têm sido cada vez mais procurados, divulgados e comentados. Entretanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como funcionam as técnicas — tanto é que muitos utilizam os termos “inseminação artificial” ou “fertilização in vitro” para se referir aos procedimentos de reprodução assistida de forma geral.

Há diferenças significativas entre essas duas técnicas que você precisa conhecer, principalmente se está planejando realizar um tratamento nessa área.

Para começar, vale esclarecer que reprodução assistida é a área da medicina que trabalha com diversas técnicas para auxiliar as pessoas que precisam superar fatores de infertilidade para aumentar as chances de terem filhos.

Vamos, agora, para as particularidades das duas técnicas que serão abordadas neste post!

Afinal, quais são as diferenças entre inseminação artificial e fertilização in vitro?

Nível de complexidade, local de fertilização dos óvulos, indicações e taxas de sucesso são aspectos que têm diferenças nas duas técnicas, além de outros. Veja como cada técnica funciona e os detalhes que as diferem!

Inseminação intrauterina

A inseminação artificial ou intrauterina é uma técnica relativamente simples. O objetivo é facilitar a chegada dos espermatozoides no local da fertilização, depositando uma amostra preparada de sêmen (contendo os melhores espermatozoides) no útero da paciente.

Essa técnica é considerada de baixa complexidade, envolve poucos procedimentos e os óvulos são fertilizados naturalmente no corpo da mulher (in vivo), em uma das tubas uterinas. As etapas incluem estimulação ovariana (protocolo com baixa dosagem hormonal – “estimulação leve”), preparo seminal e inseminação dentro do útero.

As indicações para a inseminação intrauterina incluem disfunções ovulatórias, fatores masculinos brandos (alterações leves na motilidade ou na morfologia dos espermatozoides), alguns casos que precisam de doação de sêmen (desde que não tenha contraindicação do ponto de vista da fertilidade feminina), entre outros.

Para ter sucesso com a inseminação artificial, é preferível que a mulher tenha menos de 35 anos e tubas uterinas saudáveis. Idade materna avançada e alteração/obstrução tubária são fatores que podem levar à indicação para uma FIV.

Fertilização in vitro

A fertilização in vitro é uma técnica mais complexa e com mais etapas que a inseminação intrauterina. O leque de indicações também é maior.

Resumidamente, a sequência de procedimentos inclui:

  • estimulação ovarina;
  • coleta dos óvulos;
  • preparo do sêmen;
  • fertilização do óvulo pelo espermatozóide;
  • cultivo dos embriões;
  • transferência para o útero ou congelamento dos embriões para transferir futuramente.

Enquanto a inseminação artificial é considerada de baixa complexidade, a fertilização in vitro é uma técnica de alta complexidade, envolve mais procedimentos e a fertilização ocorre fora do corpo da mulher.

Portanto, a diferença principal entre as duas técnicas é o local onde o embrião se forma. Na FIV, isso acontece em laboratório.

A estimulação ovariana também é diferente na fertilização in vitro, é feita com protocolo mais intenso (doses hormonais mais altas). O objetivo aqui é coletar o maior número possível de óvulos maduros, enquanto na inseminação intrauterina a estimulação é mais leve para ter no máximo 3 folículos ovarianos dominantes.

A quantidade de gametas masculinos necessários é outro ponto que difere nas duas técnicas. Na inseminação artificial, a amostra seminal deve conter, pelo menos, 5 milhões de espermatozoides móveis por ml de sêmen após processamento no laboratório.

Na FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) podemos micromanipular os gametas masculinos individualmente para injetá-los dentro dos óvulos, portanto, o número de espermatozoides obtidos pode ser menor.

Devido aos seus recursos aprimorados para superar diversos fatores de infertilidade, a fertilização in vitro tem uma gama ampla de indicações, incluindo: baixa reserva ovariana, alterações no útero e nas tubas uterinas, infertilidade masculina grave, endometriose avançada, entre outras.

Quais são as taxas de sucesso dessas técnicas?

As taxas de sucesso da inseminação artificial podem chegar até, aproximadamente, 20%, o que é semelhante às chances de gravidez espontânea entre os casais férteis. Já as taxas de êxito da fertilização in vitro chegam a passar dos 50%.

Para uma estimativa mais fidedigna, devemos sempre levar em consideração diversos fatores do casal, como os fatores de infertilidade que os acometem, idade do casal e potenciais problemas na receptividade endometrial.

Para resultados positivos nos tratamentos de reprodução humana assistida, o fator da idade materna é um dos mais relevantes. Isso porque quanto mais jovem é a mulher (menos de 35 anos), melhor é a qualidade de seus óvulos.

A qualidade dos espermatozoides também é determinante para gerar bons embriões. Além disso, a receptividade do útero é fundamental para que o embrião encontre boas condições e consiga se implantar e se desenvolver.

Outro fator prognóstico importante, especificamente na FIV, é o número de óvulos coletados. Quanto mais óvulos, maiores as chances cumulativas de ter sucesso, visto que alguns óvulos não são fertilizados e alguns embriões interrompem seu desenvolvimento durante a etapa de cultivo. Ter mais óvulos pode se refletir em um potencial de ter mais embriões e, consequentemente, mais oportunidades de gravidez.

Antes de receber a indicação para uma dessas técnicas, o casal precisa passar por uma extensa avaliação. Dessa forma, é possível identificar todos os fatores de infertilidade presentes e utilizar os recursos mais apropriados para superá-los.

A otimização da fertilidade antes de qualquer tratamento também é essencial. Melhoras dietéticas, prática rotineira de atividades físicas e suplementação vitamínica são alguns dos meios para melhorar a saúde geral e extrair o máximo de potencial reprodutivo de cada casal.

Seja com inseminação artificial, seja com fertilização in vitro, a individualização da avaliação e do tratamento é um ponto-chave. Sendo assim, o olhar atento e empático do médico para as particularidades de cada casal faz a diferença.

Continue adquirindo informações com a leitura do texto que explica, passo a passo, como é feita a fertilização in vitro!