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Congelamento de óvulos, sêmen e embriões

Por Dr. Murilo Oliveira

O congelamento de óvulos, sêmen e embriões representa um avanço no âmbito da reprodução humana assistida. Com essas possibilidades, você pode planejar sua vida reprodutiva e manter as chances de ter filhos em um momento futuro, quando considerar que está em uma fase mais oportuna para assumir essa jornada.

Essa prática já é realizada há várias décadas. O primeiro registro de nascimento após uma gravidez bem-sucedida com óvulos que foram congelados e, posteriormente, descongelados ocorreu nos anos 80. 

Atualmente, a criopreservação de gametas e embriões tem sido muito mais conhecida, comentada e buscada, principalmente quando se trata de congelamento de óvulos. Isso porque as mulheres estão envolvidas com outros projetos de vida e estão, cada vez mais, adiando a maternidade para uma idade mais tardia, para uma fase em que a fertilidade pode já estar diminuída.

O congelamento de óvulos, sêmen e embriões também é mais abordado agora em razão da eficácia dos tratamentos contra o câncer. Com os avanços das terapias oncológicas, hoje é muito possível se preparar para uma vida normal após o câncer. Assim, os pacientes em idade reprodutiva e que ainda planejam ter filhos podem preservar suas chances.

Chamamos de preservação oncológica ou terapêutica da fertilidade quando o congelamento de óvulos, sêmen e embriões é realizado devido a doenças e tratamentos que possam afetar as funções reprodutivas. Já a preservação social da fertilidade se refere principalmente ao congelamento de óvulos, na situação em que a mulher faz a escolha de adiar a maternidade.

Congelamento de óvulos: indicações e procedimentos

Não existe uma idade exata para que a fertilidade feminina comece a declinar. Para a maioria das mulheres, esse declínio acontece após os 32 anos. Contudo, características individuais, como predisposição genética ou mesmo algumas doenças, como endometriose, podem fazer esse declínio iniciar antes dos 32 anos. 

De modo geral, é lembrado do tão famoso “35 anos”, porque a capacidade reprodutiva da mulher passa a diminuir de forma acentuada. Sendo assim, o ideal seria congelar os óvulos até essa faixa etária, mas também é possível fazer isso mais tarde, dependendo da reserva ovariana — termo referente à quantidade de óvulos presentes nos ovários.

Veja mais detalhes sobre as indicações para o congelamento de óvulos e as técnicas envolvidas:

Indicações

O congelamento de óvulos pode ser indicado para mulheres que querem mais tempo para realizar outros projetos de vida antes de se tornarem mães, assim como é uma alternativa diante de condições médicas que possam afetar a fertilidade.

No contexto da preservação social, podemos ver o congelamento de óvulos como um grande aliado da mulher moderna, que tem objetivos pessoais e profissionais a realizar antes de estar completamente pronta para a jornada da maternidade.

Sabemos que é um grande desafio para a mulher assumir tantos papéis e responsabilidades na sociedade. Nem sempre é possível conciliar carreira profissional, vida pessoal e outros projetos. Nesse cenário, muitas mulheres se deparam com o dilema de ter que escolher entre ser mãe e prosseguir com outros objetivos — mas não precisa ser assim.

Com as técnicas disponíveis, é possível “congelar no tempo” a fertilidade, aumentando as chances de engravidar em um momento futuro e mais oportuno. Essa é uma opção em situações como: tempo integralmente dedicado à carreira profissional; busca por estabilidade financeira; ausência de um parceiro que queira ter filhos; outras prioridades (compra de um apartamento, viagens, estudos etc.).

No contexto da preservação terapêutica da fertilidade, o congelamento de óvulos é indicado para mulheres que vão passar por tratamentos oncológicos (quimioterapia, radioterapia ou cirurgia nos órgãos reprodutores). Também é uma indicação antes de alguns procedimentos cirúrgicos para tratar doenças benignas, como o endometrioma (cisto no ovário decorrente de endometriose).

Procedimentos e técnicas para o congelamento de óvulos

O congelamento de óvulos, sêmen e embriões é feito por vitrificação, técnica avançada de criopreservação que consiste em congelar materiais biológicos de modo ultrarrápido com o auxílio de substâncias crioprotetoras. Os índices de danos são mínimos, as células permanecem com sua qualidade preservada para uso após congelamento e descongelamento.

Antes do congelamento dos óvulos, a mulher realiza exames para a avaliação da reserva ovariana e passa pela estimulação dos ovários com medicações hormonais. No momento adequado, com os folículos ovarianos desenvolvidos e prontos para a ovulação, os óvulos são coletados e congelados. 

Engravidar com os óvulos que foram congelados é possível somente com a fertilização in vitro (FIV), pois eles não podem ser recolocados nos ovários futuramente. Então, os óvulos são descongelados e fertilizados em laboratório. Os embriões resultantes dessa técnica é que são colocados no útero.

Congelamento de sêmen

O congelamento de sêmen é indicado principalmente para homens que vão passar por tratamentos oncológicos. É sugerido, também, realizar o congelamento de sêmen em homens que irão utilizar medicações que podem afetar potencialmente a fertilidade, como, por exemplo, androgênios injetáveis. 

Outra indicação são homens com doença que podem promover o declínio da produção de espermatozoide pelos testículos, como, por exemplo, varicocele avançada. Pacientes que precisam realizar cirurgias testiculares, como a correção da varicocele, também podem receber indicação para congelar gametas preventivamente.

A fertilidade masculina também pode reduzir com o avanço da idade. O homem continua produzindo espermatozoides, mas apresenta uma diminuição da qualidade espermática após os 45 anos. Entretanto, a procura por preservação social da fertilidade masculina não é comum.

Após o congelamento de sêmen, o paciente pode tentar engravidar sua parceira naturalmente ou com as técnicas de reprodução assistida, encontrando duas opções: FIV ou inseminação intrauterina. A escolha da técnica é baseada na idade da mulher e outras condições da saúde reprodutiva do casal.

Congelamento de embriões

O congelamento de embriões é uma possível indicação para a preservação da fertilidade no caso de pessoas que se encontram em um relacionamento estável e compartilham com o parceiro atual o plano de ter filhos.

Outra situação importante é o congelamento dos embriões excedentes. Em um ciclo de FIV, podem ser gerados vários embriões, mas nem todos podem ser transferidos para o útero, devido ao risco de gravidez múltipla (gemelar, trigemelar, quadrigemelar etc.). Sendo assim, alguns deles devem ser congelados e o casal tem suas chances preservadas para novas tentativas.

Em alguns tratamentos com FIV, também é indicado o congelamento de todos os embriões (freeze-all) para transferência no ciclo seguinte. Por exemplo, quando há indicação para realizar o teste genético pré-implantacional (PGT) e nos casos em que a mulher apresenta risco de síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO).

O congelamento de óvulos, sêmen e embriões preserva a integridade e a qualidade das células, mesmo quando os materiais biológicos ficam congelados por vários anos. Então, se você está focando em outros objetivos ou passando por condições que inviabilizam uma gestação nesse momento, considere esse caminho para manter possibilidades de, no futuro, ter o seu filho.

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