Quando falamos em infertilidade, muitas pessoas se sentem inseguras e ansiosas, com receio de ter que passar por tratamentos complexos de reprodução humana assistida. Não é necessário começar essa jornada com tanta resistência, pois sua condição pode ser mais simples do que você imagina e o esperado teste de gravidez positivo pode chegar com a ajuda de técnicas de baixa complexidade, como o coito programado.
Também chamado de namoro programado ou relação sexual programada, essa técnica se baseia no acompanhamento do ciclo menstrual da mulher para ter uma estimativa dos dias da ovulação e período fértil. Então, o casal deve programar suas relações para esse período do mês, aumentando as chances de concepção e gravidez.
O cálculo do período fértil é um método clássico para quem está tentando engravidar, mas muitas pessoas desconhecem ou têm dúvidas sobre a forma certa de calcular.
O coito programado é mais eficiente que o cálculo do período fértil em si, uma vez que envolve o uso de importantes recursos médicos, como as medicações hormonais para indução da ovulação e a realização de ultrassonografias para monitorar o processo pré-ovulatório. Pode ser necessária, ainda, associação de dosagens hormonais para ter certeza de que tudo está funcionando bem.
Após uma investigação bem-feita dos fatores de infertilidade do casal, podemos definir um tratamento personalizado, que deve começar com a otimização da fertilidade por meio de mudanças no estilo de vida e suplementações conforme a necessidade do casal. Somando-se a isso, o coito programado pode maximizar as chances de sucesso. Se os resultados negativos persistirem, podemos avaliar a possibilidade de aderir a um tratamento mais avançado, como a fertilização in vitro (FIV).
O coito programado pode ser um caminho para chegar à gravidez quando o casal tem fatores brandos de infertilidade. A indicação principal é para mulheres com problemas ovulatórios — oligovulação (ovulação infrequente) ou anovulação (ausência de ovulação).
Casais que passam pela investigação e se enquadram na condição de infertilidade sem causa aparente (ISCA) também podem começar seu tratamento com ciclos de relação sexual programada, principalmente quando associados à baixa frequência sexual.
Essa técnica de reprodução humana é indicada preferencialmente para casais que atendem aos seguintes critérios: idade feminina abaixo dos 35 anos; mulher com tubas uterinas saudáveis e desobstruídas; espermograma com parâmetros seminais dentro do normal, isto é, sem fator masculino de infertilidade.
O coito programado é uma técnica simples, realizada com poucos procedimentos. Veja como funciona!
O uso de medicações hormonais para estimulação ovariana e indução da ovulação é empregado nos tratamentos de reprodução humana para favorecer o desenvolvimento dos folículos ovarianos, que armazenam os óvulos.
O coito programado pode ser feito com ou sem o uso de indutores da ovulação. Por vezes, as mudanças no estilo de vida e a suplementação vitamínica já podem ajudar, dependendo das causas da disfunção ovulatória. Os indutores, na grande maioria das situações, são de uso via oral. Contudo, em casos que exista resistência a eles, podemos utilizar medicações injetáveis para maximizar as chances de resposta.
Nas técnicas de baixa complexidade, coito programado e inseminação intrauterina, utilizamos doses baixas de medicações hormonais, pois o objetivo é estimular a ovulação, mas com cuidado para que essa estimulação não promova a liberação de vários óvulos. Sendo assim, a finalidade é desenvolver apenas dois ou três folículos ovarianos.
Nesses tratamentos, o óvulo é fertilizado no local natural, na tuba uterina, ou seja, dentro do corpo da mulher. Portanto, a liberação de dois ou mais óvulos acarretaria o risco de gestação múltipla (gemelar, trigemelar etc.).
Monitoramos o crescimento folicular com exames de ultrassonografia transvaginal. A indução da ovulação é feita quando os folículos atingem aproximadamente 18-22 mm. A medicação indutora provoca a maturação final dos óvulos e a ruptura folicular, resultando na liberação de um óvulo maduro, que é recolhido pela tuba uterina e transportado para o local da fecundação.
O acompanhamento do desenvolvimento folicular permite estimar o dia da ovulação. Os dias que antecedem a liberação do óvulo também fazem parte do período fértil, considerando o tempo de sobrevida dos espermatozoides no corpo da mulher.
Com base nessas informações, o casal deve programar suas relação sexuais para o período fértil. A partir disso, o processo reprodutivo ocorre naturalmente: os espermatozoides entram no corpo feminino, migram para os órgãos superiores do trato genital, passam pelo corpo do útero, entram nas tubas uterinas e se aproximam do óvulo. Então, a fecundação pode acontecer.
Quando bem indicado, de acordo com as características do casal, o coito programado tem chances de sucesso que variam predominantemente de acordo com a idade da mulher, podendo chegar a 20% por ciclo de tentativa. Essas taxas são semelhantes às de gravidez espontânea entre os casais férteis.
Fazer uma investigação aprofundada dos fatores de infertilidade, avaliar a reserva ovariana e as demais características e o histórico do casal são passos importantes para uma indicação adequada de tratamento.
Muitas vezes, o casal nem mesmo chega a precisar de um tratamento, pois condutas simples podem ajudar a otimizar a fertilidade, como mudanças dietéticas, atividades físicas de rotina e suplementação vitamínica, conforme necessidades individuais.
Se mesmo após mudanças no estilo de vida e alguns ciclos de coito programado, o casal não conseguir o seu resultado positivo, podemos conversar sobre outras possibilidades de tratamento, como inseminação intrauterina ou FIV.
O importante é que, nessa jornada, você conte com o apoio de um profissional experiente, que ofereça um atendimento personalizado, acolha suas angústias e esclareça todas as dúvidas. Informação, empatia e individualização são pilares para que o casal se sinta mais seguro com o caminho a seguir e não desista de construir sua família — desistir não é uma opção!