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Mioma: tratamento, infertilidade e reprodução assistida

Publicado em 20/01/2025

Por Dr. Murilo Oliveira

A nobre função de carregar um bebê dentro de si enquanto ele se desenvolve é cumprida pelo maior órgão reprodutor da mulher: o útero. Para isso, ele precisa estar saudável, livre de doenças que afetam a fertilidade, como o mioma.

Outras doenças também podem prejudicar as funções uterinas, incluindo pólipo endometrial, adenomiose e síndrome de Asherman. Portanto, o acompanhamento médico especializado se faz necessário para investigar e tratar essas alterações antes de prosseguir com as tentativas de gravidez.

A relação entre mioma e infertilidade existe, mas as pessoas têm um receio acerca disso que, muitas vezes, é infundado. Embora alguns miomas possam interferir na concepção, muitos não causam problemas reprodutivos significativos e são tratáveis com as abordagens corretas.

Saber mais sobre a relação entre mioma e infertilidade é importante para desmistificar o assunto e conhecer as opções de tratamento. Então, confira este post e esclareça suas dúvidas sobre o tema!

O que é mioma?

O mioma é um tumor benigno formado por células do tecido muscular uterino. Ele se origina na camada intermediária da parede uterina (miométrio), e pode crescer na direção do revestimento interno (endométrio) ou da parte mais externa do órgão (serosa ou perimétrio).

A formação dos miomas está associada ao desequilíbrio nos níveis de estrogênio, hormônio que estimula o crescimento de células uterinas. Os fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença incluem predisposição genética, idade (com incidência maior em mulheres acima dos 30 anos), histórico familiar e obesidade.

Os sintomas dos miomas podem variar amplamente, desde a ausência total de manifestações até desconfortos intensos, que afetam diretamente a qualidade da vida da mulher. Entre os principais sinais e sintomas, estão:

  • sangramentos menstruais abundantes e prolongados;
  • dor pélvica;
  • cólicas;
  • alterações urinárias e intestinais, como aumento da frequência urinária e constipação, caso a bexiga e o intestino sejam pressionados pelo mioma;
  • inchaço ou sensação de peso no abdome;
  • para algumas mulheres, dificuldade para engravidar.

Qual é a classificação dos miomas?

Os miomas são classificados conforme sua localização no útero. Há uma classificação bem detalhada, proposta pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que numera os miomas de 0 a 8, de acordo com sua posição na parede uterina e os componentes que apresenta, o que é útil para a definição do tratamento.

Entretanto, de modo geral, podemos classificar os miomas como:

  • subserosos — projetados para a parte externa do útero, podem crescer e pressionar os órgãos vizinhos, mas têm pouca relação com a infertilidade;
  • intramurais — formam-se na parede muscular do útero, podendo causar cólicas, sangramento menstrual intenso e, em alguns casos, afetar a fertilidade se atingirem grandes proporções ou alterarem a contratilidade uterina;
  • submucosos — crescem em direção à cavidade uterina, distorcendo o endométrio, onde ocorre a implantação do embrião. São os que mais interferem na fertilidade.

Qual é a relação entre mioma e infertilidade?

Nem todos os miomas causam infertilidade feminina, mas sua localização e tamanho podem influenciar nesse sentido.

Os tumores uterinos pequenos e assintomáticos não comprometem a fertilidade e podem ser acompanhados clinicamente, sem necessidade de intervenção imediata. No entanto, quando se trata de miomas submucosos ou grandes miomas intramurais, o impacto na fertilidade pode ser mais significativo.

Miomas submucosos invadem a cavidade uterina e podem distorcer o endométrio, dificultando a implantação do embrião. Além disso, eles aumentam a chance de abortamento espontâneo ao interferir na nutrição e no desenvolvimento do embrião ou ocupar muito espaço intrauterino.

Miomas intramurais volumosos podem distorcer a parede uterina ou alterar a contratilidade do útero. Sendo assim, também há risco de falhas no processo de nidação ou na manutenção da gravidez.

Outro ponto a considerar é que miomas grandes e localizados próximos às entradas para as tubas uterinas podem bloquear o caminho dos espermatozoides ou dificultar o transporte do embrião para a cavidade uterina.

Como tratar o mioma e a infertilidade?

Para definir o tratamento, é importante avaliar o tamanho e a localização do mioma, bem como a gravidade dos sintomas e a intenção de gravidez. Entre as abordagens, estão:

  • conduta expectante para miomas pequenos e assintomáticos, no caso de mulheres que não apresentam infertilidade e não têm planos de engravidar;
  • medicamentos hormonais para controlar os sintomas;
  • cirurgia conservadora (miomectomia), que envolve a retirada do mioma, preservando o útero para uma futura gravidez.

Para as mulheres com mioma e infertilidade e que não obtêm sucesso com o tratamento clínico e/ou cirúrgico, a reprodução assistida surge como uma alternativa importante. A fertilização in vitro (FIV), por exemplo, pode ajudar a contornar obstáculos e ter uma gestação saudável.

O primeiro passo para o casal que deseja engravidar, mas lida com o desafio de ter mioma e infertilidade ou outros fatores que dificultam a gestação, é realizar uma avaliação individualizada e detalhada. A atenção do médico especialista deve ser voltada para o casal, pois a mulher e o homem podem ter condições concomitantes a tratar.

Quer mais informações? Confira nosso texto institucional sobre miomas e conheça mais aspectos dessa condição!