Protocolos de transferência embrionária, desenvolvimento do embrião até o estágio de blastocisto na FIV: você tem algum entendimento acerca disso? Para quem está tentando engravidar, vale a pena compreender como o embrião se desenvolve, tanto na concepção espontânea quanto nos tratamentos de reprodução humana.
FIV é a sigla para fertilização in vitro e se refere à técnica de alta complexidade da reprodução humana assistida. Esse tipo de tratamento pode ser indicado para casais com diversos fatores de infertilidade.
Para resumir, a FIV envolve a coleta dos gametas (óvulos e espermatozoides) e a formação de embriões em laboratório. Após alguns dias de cultivo embrionário em incubadora de alta tecnologia, os embriões são transferidos para o útero. Há diferentes protocolos de transferência, um deles — e o mais realizado, atualmente — é em estágio de blastocisto.
Na reprodução natural, o embrião é gerado dentro de uma das tubas uterinas ou trompas de falópio, órgãos que fazem a ligação entre os ovários e a cavidade do útero. Quando o casal tem relação sexual em dia próximo ao da ovulação, sem utilizar métodos de contracepção, os espermatozoides migram para as trompas e encontram o óvulo.
Vários gametas masculinos podem se ligar ao óvulo, mas somente um consegue penetrá-lo. Depois disso, ocorre a junção dos núcleos das duas células e a mistura do material genético, originando a primeira célula do embrião, o zigoto.
No dia seguinte, o zigoto inicia um processo marcado por divisões celulares consecutivas (fase de clivagem). A cada 24 horas, há uma nova divisão, tornando o embrião um organismo pluricelular.
Entre 5 e 7 dias após a fertilização do óvulo, o desenvolvimento embrionário chega ao estágio de blastocisto, com o embrião apresentando, aproximadamente, 100 a 150 células (blastômeros).
Nesse estágio, o embrião apresenta dois conjuntos celulares: a massa interna é o embrioblasto, que desenvolverá o feto; a parte externa é o trofoblasto, que formará a placenta e as demais estruturas extraembrionárias.
Na fase de blastocisto, o embrião está fisiologicamente pronto para se implantar no revestimento interno do útero, o endométrio. Para que ocorra a implantação embrionária e o início da gravidez, é preciso que ocorra a sincronização fisiológica, isto é, o reconhecimento entre as células endometriais e embrionárias.
A FIV passa por uma sequência de procedimentos cuidadosamente controlados em ambiente laboratorial para permitir que embriões sejam formados e comecem a se desenvolver fora do útero.
A grande diferença entre a concepção natural e a reprodução com FIV é que, no contexto dessa técnica, os óvulos e o sêmen são coletados e a fertilização acontece fora do corpo da mulher. No entanto, o processo de desenvolvimento embrionário não é diferente, ou seja, os embriões passam pelas mesmas fases de divisão celular e formação do blastocisto que acontecem nas tubas uterinas.
Na FIV, o desenvolvimento inicial dos embriões ocorre dentro de incubadora de alta tecnologia. Um profissional de embriologia acompanha todo o processo, mas não há manipulação dos embriões. Eles ficam seguros em um ambiente que replica as condições encontradas no microambiente tubário, como umidade e temperatura adequadas.
Existe incubadora, por exemplo, que, por meio de fotos que são obtidas em intervalos programados por uma microcâmera de alta qualidade, anexada ao microscópio da incubadora, monitora o desenvolvimento embrionário de forma contínua, sem expor os embriões a alterações no ambiente.
Durante o cultivo embrionário, é possível verificar se houve interrupção ou falhas no desenvolvimento de alguns embriões, bem como avaliar quais deles têm condições para continuar se desenvolvendo até o estágio de blastocisto. Com base nesse acompanhamento e nas características de cada casal, individualizamos o protocolo para transferir os embriões para o útero.
O protocolo utilizado com mais frequência é em D5, isto é, com 5 dias de desenvolvimento embrionário, em estágio de blastocisto. Em situações específicas, como a coleta de poucos óvulos e a formação de poucos embriões, havendo o risco de eles não chegarem em D5, podemos transferir em fase de clivagem (D3). Assim, os embriões ainda têm chances de continuar o desenvolvimento em seu habitat natural, no ambiente uterino.
Com o cultivo dos embriões até o estágio de blastocisto na FIV, é possível selecionar aqueles que apresentam maior potencial de implantação no útero. Isso é importante, sobretudo, quando a opção é para a transferência de um único embrião.
Os embriões normalmente chegam ao estágio de blastocisto com 5 dias, mas alguns demoram um pouco mais e podem levar 6 ou 7 dias. A transferência pode ser feita com embriões a fresco (no ciclo em que foram formados) ou embriões congelados (quando eles precisam passar pelo processo de congelamento previamente à transferência).
A decisão sobre o protocolo de transferência é individualizada, assim como todas as demais etapas dos tratamentos com FIV ou outras técnicas de reprodução humana assistida.
Tanto em estágio de blastocisto quanto em fase de clivagem, há chances de um embrião se implantar e resultar em gravidez, dependendo das particularidades de cada casal. Portanto, o olhar atento e experiente do especialista em medicina reprodutiva faz muita diferença e pode colocar você um passo mais perto de ter seu bebê.